Nesta edição da coluna, decidi abordar um tema que extrapola os limites da gastronomia e toca em uma questão muito atual e desafiadora para empresários e gestores de todos os setores: o comportamento e as motivações da Geração Z no ambiente de trabalho.
Este é um tópico que tem despertado minha curiosidade e me levado a buscar um entendimento mais profundo. Estou particularmente interessado em maneiras de resolver a problemática de instabilidade e insatisfação que muitas vezes resulta em alta rotatividade entre os jovens da Geração Z. Afinal, criar um ambiente de trabalho harmonioso e produtivo não só beneficia o negócio como também contribui para o bem-estar de todos os envolvidos.
Recentemente, em um trabalho que realizei no MBA que estou cursando, fizemos uma pesquisa em um grande varejista brasileiro para analisar o turnover e entender o que realmente motiva cada geração. Esta empresa, apesar de ser uma gigante no mercado, enfrentava um turnover altíssimo na Geração Z e não estava se adaptando para mudar esse cenário. O resultado da pesquisa foi surpreendente: a Geração Z estava durando uma média de apenas 5 meses na empresa. E, ao contrário das outras gerações que colocam “salários e benefícios” em primeiro lugar, para a Geração Z este item apareceu apenas em quinto de oito itens pesquisados. O que eles valorizam mais é a “jornada flexível”, que permite um equilíbrio entre vida pessoal e profissional, seguido por “feedback 360 graus”, que enfatiza a importância de ouvir e ser ouvido, em terceiro lugar o “plano de carreira”, em quarto a “cultura e valores da empresa”, e só em quinto os “salários e benefícios”.
A Geração Z valoriza a transparência, a flexibilidade e, principalmente, o propósito em seu trabalho. Querem sentir que sua atuação tem um significado real e que estão contribuindo para algo maior. A chave aqui é entender e respeitar essas expectativas, usando-as para enriquecer a cultura corporativa e as estratégias de negócios.
Os jovens da Geração Z, que cresceram imersos em um mundo digital, trazem consigo uma nova perspectiva que às vezes é mal interpretada pelas gerações anteriores. Essa familiaridade com o universo digital é frequentemente vista como uma falta de habilidades sociais ou uma dependência excessiva de comunicação virtual.
O que muitos chamam de “mimimi” pode, na verdade, ser uma abordagem mais consciente e aberta às questões de saúde mental e ao equilíbrio entre vida pessoal e trabalho. Esses são aspectos que as gerações anteriores podem não ter priorizado, mas que deveriam ser de suma importância para todos.
Não estou, de forma alguma, defendendo todos os comportamentos e valores dessa geração. É preciso buscar um equilíbrio sempre. Porém, precisamos estar cientes de que, em breve, a Geração Z será a geração com mais pessoas no mercado de trabalho. E por isso é crucial aprender com suas visões, compartilhar nossos valores e buscar um equilíbrio que promova evolução conjunta. A cooperação entre gerações deve focar em unir forças, não em medir diferenças.
Combinar nossa vasta experiência, nossas habilidades técnicas e estratégicas, com a afinidade tecnológica e a criatividade da Geração Z, pode levar a inovações disruptivas e à melhoria de processos tradicionais. Pensem nisso!
Em suma, é necessário um esforço mútuo para compreender, respeitar e adaptar-se às diferenças entre as gerações. Isso resultará em um ambiente de trabalho onde diversas gerações prosperem juntas, transformando potenciais conflitos em oportunidades de crescimento.