Mulheres, as mais acometidas pelas doenças reumáticas

As doenças reumáticas incluem um grupo de condições inflamatórias que afetam as articulações, músculos, ossos e outros tecidos do corpo, comumente causando dor, rigidez e diminuição da mobilidade. Elas têm uma prevalência mais alta entre as mulheres do que entre os homens, e isso ocorre por várias razões, incluindo fatores hormonais, genéticos e ambientais. Dentre as articulações afetadas por esta comorbidade temos a ATM (articulação temporomandibular).

Nesse artigo, vou tratar de algumas das principais doenças reumáticas que afetam as mulheres e explicar um pouco sobre elas.

  1. Artrite reumatoide (AR):

   A artrite reumatoide é uma doença autoimune crônica que afeta principalmente as articulações, causando inflamação, dor e destruição das articulações ao longo do tempo, dentre elas as ATM.

   – Prevalência: A AR afeta principalmente mulheres, com uma razão de 3 por 1 em relação aos homens. A doença geralmente se manifesta entre os 30 e 50 anos, embora possa ocorrer em qualquer faixa etária.

   – Fatores hormonais: Estudos sugerem que os estrogênios (hormônios femininos) podem aumentar a suscetibilidade à AR. A doença pode ter um agravamento durante a gravidez e piora após o parto, especialmente no pós-parto, quando há grandes flutuações hormonais.

   – Impacto: Além da dor e da rigidez nas articulações, a AR pode afetar outros órgãos, como os pulmões, os olhos e o sistema cardiovascular. Nas ATM, o processo degenerativo pode levar a maloclusões tais como: mordida aberta, assimetrias faciais e perda funcional significativa.

  1. Espondilite anquilosante (EA):

   A espondilite anquilosante é uma forma de artrite que afeta principalmente a coluna vertebral, causando dor e rigidez que podem evoluir para fusão das vértebras.

   – Prevalência: Embora seja mais comum entre os homens, também afeta mulheres, especialmente em formas mais leves ou atípicas. Nos últimos anos, tem-se reconhecido mais a prevalência da doença em mulheres.

   – Sintomas: Dor e rigidez nas costas, especialmente pela manhã ou após períodos de inatividade, e dor nas articulações sacroilíacas (na base da coluna) são os principais sintomas. 

  1. Artrite psoriática:

   – A artrite psoriática é uma forma de artrite associada à psoríase, uma condição da pele que causa manchas vermelhas e escamosas. Pode afetar as articulações e os tecidos moles.

   – Prevalência: Embora esse tipo afete tanto homens quanto mulheres, as mulheres tendem a ter um início mais tardio da doença e podem apresentar uma forma mais grave da doença.

   – Sintomas: Além das lesões de pele, a dor nas articulações, especialmente nas mãos e nos pés, é comum. Pode também causar inflamação nas tendões e nos ligamentos. As ATM podem estar envolvidas também nas artrites psoriáticas, e em alguns casos acomete apenas uma articulação podendo levar a assimetrias faciais.

  1. Síndrome de Sjögren:

   – A síndrome de Sjögren é uma doença autoimune que afeta as glândulas produtoras de secreções, como as glândulas salivares e lacrimais, resultando em boca seca e olhos secos.

   – Prevalência: A doença é muito mais comum em mulheres, principalmente após a menopausa. Estima-se que 90% dos casos ocorrem em mulheres.

   – Sintomas: Além da secura na boca e nos olhos, pode causar dor nas articulações, fadiga e, em casos graves, pode afetar os rins e os pulmões.

Fatores que explicam a prevalência mais alta de doenças reumáticas em mulheres.

  1. Hormônios:

   – Os hormônios femininos, especialmente o estrogênio, têm um papel importante na modulação do sistema imunológico. As flutuações hormonais durante o ciclo menstrual, a gravidez e a menopausa podem influenciar o início e a gravidade das doenças autoimunes, como a artrite reumatoide.

   – Durante a gravidez, por exemplo, muitas mulheres com doenças autoimunes experimentam uma redução temporária nos sintomas, mas, após o parto, pode ocorrer uma exacerbação.

  1. Imunidade e genética:

   – Fatores genéticos também desempenham um papel importante. As mulheres têm uma tendência maior a desenvolver doenças autoimunes, e vários genes relacionados à regulação do sistema imunológico parecem estar mais ativos nelas.

   – Além disso, as mulheres possuem uma resposta imunológica mais intensa e rápida do que os homens, o que pode torná-las mais vulneráveis a doenças autoimunes.

  1. Fatores sociais e ambientais:

   – Há também fatores sociais e ambientais que podem influenciar a prevalência. Mulheres podem estar mais expostas a estresse emocional ou situações que agravam a inflamação, como o estresse crônico ou condições de trabalho que exigem esforço físico excessivo.

   – A exposição a certos produtos químicos ou substâncias tóxicas no ambiente também pode influenciar o desenvolvimento de doenças reumáticas, e algumas dessas exposições podem ser mais prevalentes em populações femininas.

Impacto das doenças reumáticas nas mulheres.

  1. Qualidade de vida:

   – As doenças reumáticas têm um impacto significativo na qualidade de vida das mulheres, especialmente porque muitas dessas condições aparecem em fases da vida em que as mulheres estão desempenhando papéis importantes, como no trabalho ou na criação dos filhos.

   – A dor crônica, rigidez e fadiga associadas às doenças reumáticas podem interferir nas atividades cotidianas, dificultando o desempenho de tarefas domésticas, trabalho e lazer.

  – Na ATM, além do quadro de dor, uma limitação funcional, como dificuldade de abertura bucal e de mastigação.

  1. Saúde mental:

   – O impacto da dor crônica e da incapacidade física também está fortemente relacionado a problemas de saúde mental, como depressão, ansiedade e estresse. Mulheres com doenças reumáticas são mais propensas a desenvolver essas condições, o que pode agravar ainda mais a dor e a incapacidade.

  1. Tratamento e manejo:

   – O tratamento das doenças reumáticas geralmente envolve uma combinação de medicação, como anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), medicamentos modificadores da doença (DMARDs), terapia física e apoio psicológico. No entanto, a adesão ao tratamento pode ser difícil devido a efeitos colaterais dos medicamentos e à gestão das comorbidades.

  – Quando a ATM é envolvida, a abordagem odontológica, visa remover a sobrecarga da articulação e controle do processo inflamatório local.

   – Em alguns casos, é necessário um acompanhamento multidisciplinar, com reumatologistas, fisioterapeutas, dentistas, psicólogos e outros profissionais de saúde envolvidos no manejo da doença.

Considerações finais

As doenças reumáticas têm uma prevalência mais alta em mulheres, e a interação entre fatores genéticos, hormonais e ambientais parece desempenhar um papel importante nesse fenômeno. As mulheres com essas condições enfrentam desafios significativos em termos de dor crônica, incapacidade e impacto na qualidade de vida, e o tratamento eficaz geralmente requer uma abordagem abrangente que inclua cuidados médicos, odontológicos (quando a ATM estiver envolvida) e apoio psicológico e estratégias de manejo da dor.

Se você ou alguém que você conhece está lidando com uma doença reumática, e apresenta dor na ATM  é essencial procurar acompanhamento médico especializado e no dentista especialista em DTM e Dor Orofacial para otimizar o controle da doença e melhorar a qualidade de vida.

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